Pé de Chinelo
Sempre fico intrigada quando vejo um pé de sapato perdido na rua. Fico pensando em que situação alguém perde um sapato. Até que um dia, isso aconteceu comigo.
No meio da lotada praia de Copacabana, depois da contagem regressiva para a entrada de 2010, dos brindes e dos abraços, resolvo dar uma olhadinha na canga, onde estavam os chinelos da galera. E não é que o meu, justo o meu não estava lá? Apavorada com a possibilidade de passar o resto da noite de festa, que apenas começava, tendo que andar descalça ou com um saco plástico amarrado no pé, ignorei os fogos no céu e foquei em achar meus chinelos na areia.
Logo achei um pé, quase enterrado, há uns centímetros de onde estávamos. Mas e o outro? Ficava pensando “Será que meus sapatos iam fazer parte daqueles que ficam perdidos no caminho? Que bela maneira de começar o ano...”
Foram minutos de pânico, imaginando como eu andaria toda a orla até o Arpoador, descalça, quando uma amiga descobre que o outro pé estava com um grupo de senhoras ao lado, que havia guardado o chinelo caso alguém procurasse. Que bênção!
Minhas amigas ficaram me dizendo que isso era um ótimo sinal, que eu já havia começado o ano perdendo, mas reencontrando algo muito importante. Espero que sim, que isso possa ser um bom presságio e tal. Mas eu garanto que algumas vezes, não há nada melhor do que reencontrar nosso pé de chinelo perdido.
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